"Maria anda assim como eu:
Impossibilitada de fazer
tudo o que quer.
Tem mãos amarradas,
ar de doente, olhar de demente,
cansada.
Maria vai acabar como eu: covarde nas decisões,
amante das cousas indefinidas
e querendo compreender suicidas.
Maria vai acabar assim sem rumo,
andando por aí,
e tendo acessos nostálgicos.
Maria vai acabar
bem tristemente.
De qualquer jeito,
lendo jornais,
tendo marido indefinido.
(Não sei por que Maria
quer compreender
muito, demais,
a vida do suicida.
E Maria vai acabar
se fartando de vida.)
A vida, coitada,
é camarada, gosta de Maria,
quer fazer Maria viver mais,
Porque Maria é desgraçada.
Quer deixá-la para o fim,
assim à mostra,
e eu francamente não entendo
porque Maria não gosta
da vida"
by Hilda Hilst (tinha como ser outra?)
E eu, Maria Clara, Clara Maria, francamente não entendo por que tenho essas minhas crises de Maria. Mas fazer o quê? Nascida Maria, irmã de Maria, filha de Maria e neta de Maria, tinha de ser Maria.
História que lembro de quando era Mariazinha:
Minha filha, dizem que em casa que tem três Marias o diabo não entra. Aqui ele não deve passar nem na calçada, né? Tem logo quatro [Marias].
hehe
Clara.