domingo, 25 de abril de 2010

Onde já não caibo mais

Porque quero fazer de mim um lugar maior pra se viver. Porque quero fazer de mim mais amigos. Porque quero fazer de mim algo mais do que já fiz. Porque quero fazer de mim tantas que me possa dividir sem penar. Porque quero fazer de mim aquilo que já fui e aquilo que serei. Porque quero fazer de mim o que não vou conseguir ser. Porque quero fazer de mim um barco a carregar comigo tudo aquilo que já tive. Porque quero fazer de mim uma grande voz cantando, ao mesmo tempo e sempre, todas as músicas que são eu. Porque quero fazer de mim mais do que uma cidade. Porque quero fazer de mim mais do que um bar que fecha. Porque quero fazer de mim mais do que dura uma noite. Porque quero fazer de mim uma farsa maior do que um sonho infinito. Porque quero fazer de mim mais do que sentimento. Porque quero fazer de mim corpo que não se cansa. Porque quero fazer de mim fogo que nunca se apaga. Porque quero fazer de mim alma que se dá e sempre tem alguém pra receber. Porque quero fazer de mim pássaro que tem céu e gaiola. Porque quero fazer de mim o que do mundo não depende. Porque quero fazer de mim tudo que não pode ser. Porque quero fazer de mim eternidade. Porque quero fazer de mim o impossível carinho. E isso, isso não tem cabimento, menina. Isso não cabe no ser. Ou seria apenas no seu ser que isso não cabe?
PS.: Porque NÃO quero fazer de mim o que passa agosto esperando setembro.

Clara.

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